Preocupado
em definir com precisão e estabelecer o domínio pertinente à prática da
atividade, Ferenczi é levado a escrever, no ano de 1921, o artigo ”Prolongamentos
da Técnica Ativa”. Era preciso dar satisfações à
comunidade analítica em termos de situar o que ele próprio trazia
como novidade sob a égide de Técnica Ativa.
O ponto
de partida é afirmar que a regra fundamental - a associação livre -
continua a ser o procedimento a ser empreendido em todo processo de análise e
que a atividade em hipótese alguma se presta a substituí-la por conta de um
novo posicionamento em torno da função do analista. Bem entendido, a
técnica ativa é um artifício que deve ser cautelosamente empregado quando da
situação de estagnação presente na economia do tratamento. Somente
em casos excepcionais, onde a análise não apresentasse avanços, o analista
seria levado a sair de sua posição passiva e levar o analisando a realizar algo
além de sua função usual, a saber, a de falar livremente. Tanto assim,
que Ferenczi é levado a enfatizar que tão logo se
tenha conseguido retomar o fluxo das associações, a análise deve
insistir com a regra fundamental.
Ao
pensar acerca da própria história da técnica ativa, Ferenczi propõe que ela já
se encontrava presente desde os primórdios da prática analítica. O
método catártico de Breuer, exaustivamente utilizado por Freud no início,
constituía em si um protótipo de atividade. Isso porque o analista
na época era levado a conduzir a cadeia associativa do paciente rumo ao resgate
de sua história sintomática e o próprio paciente era levado a realizar um
esforço ativo para atingir o que lhe era imposto.
Da
mesma forma, toda a intervenção interpretativa constitui-se ela própria
numa modalidade ativa. Ao interpretar, o analista realiza
recortes, escolhe caminhos e privilegia determinadas representações
que dessa forma decidirão por uma gama de significações
específicas. Essa especificidade dá, por si só, o caráter
ativo à intervenção. Tal ideia nos leva a
entender, com Ferenczi, que nenhuma intervenção pode ser neutra ou
isenta. No fundo, toda e qualquer manifestação do analista
funcionará como o motor de algo que não será visto sob a ótica da
passividade.
Nesse ponto chamamos a atenção para a compreensão de Ferenczi em torno do papel da transferência e da cura no processo analítico em torno da concepção de atividade. Para ele, o momento em que se instaura a neurose de transferência, ou seja , quando o analisando é levado a montar seus sintomas em função da figura do analista , cabe ao analista interpretar de tal forma a influenciar o ego do paciente na tentativa de reeducá-lo com a finalidade de se estabelecer novas relações desse ego com as pulsões. Essa educação, possibilitada pela transferência deve se valer do componente sugestivo dessa última. Aqui, a psicanálise utilizaria-se da sugestão de forma distinta da dos métodos puramente sugestivos. A sugestão tem sua importância fundamental na medida em que é ela quem pode levar o paciente a atingir a convicção necessária acerca de novas significações trazidas pelo tratamento. A educação do ego via sugestão, constitui para Ferenczi um modelo pelo qual o analista se vale da atividade na direção da cura. Nesse sentido, vejamos a posição decisiva de Ferenczi: “A educação do ego, em contrapartida, é uma intervenção francamente ativa ao alcance do médico em virtude de sua autoridade aumentada pela transferência. Freud não teme chamar ‘sugestão’ a esse modo de influência, embora tendo o cuidado de indicar as características essenciais que diferenciam a sugestão psicanalítica daquela que não é”.
Nesse ponto chamamos a atenção para a compreensão de Ferenczi em torno do papel da transferência e da cura no processo analítico em torno da concepção de atividade. Para ele, o momento em que se instaura a neurose de transferência, ou seja , quando o analisando é levado a montar seus sintomas em função da figura do analista , cabe ao analista interpretar de tal forma a influenciar o ego do paciente na tentativa de reeducá-lo com a finalidade de se estabelecer novas relações desse ego com as pulsões. Essa educação, possibilitada pela transferência deve se valer do componente sugestivo dessa última. Aqui, a psicanálise utilizaria-se da sugestão de forma distinta da dos métodos puramente sugestivos. A sugestão tem sua importância fundamental na medida em que é ela quem pode levar o paciente a atingir a convicção necessária acerca de novas significações trazidas pelo tratamento. A educação do ego via sugestão, constitui para Ferenczi um modelo pelo qual o analista se vale da atividade na direção da cura. Nesse sentido, vejamos a posição decisiva de Ferenczi: “A educação do ego, em contrapartida, é uma intervenção francamente ativa ao alcance do médico em virtude de sua autoridade aumentada pela transferência. Freud não teme chamar ‘sugestão’ a esse modo de influência, embora tendo o cuidado de indicar as características essenciais que diferenciam a sugestão psicanalítica daquela que não é”.
Se
prestarmos atenção, notaremos que nesse ponto, a posição de Ferenczi por
relação à sugestão é bem diferente daquela que encontramos explicitada no
artigo “Sugestão e Psicanálise”. Alí, como vimos no capítulo 2,
Ferenczi distinguia radicalmente a atividade analítica de qualquer outro método
sugestivo. Naquela perspectiva, Ferenczi afirmava que a psicanálise
em hipótese alguma valeria-se da sugestão para provocar seus
efeitos. A sugestão seria uma espécie de intervenção anti-analítica
e deveria ser evitada.
Nossa ideia é
que a perspectiva da técnica ativa passou a incluir a sugestão no
âmbito da prática analítica. Não se trata de sugestionar pura e
simplesmente, mas de se valer da transferência enquanto algo que comporta uma
dimensão sugestiva, para levar o paciente a realizar modificações em torno de
sua própria organização psíquica.
A ideia de
Ferenczi - a de que o analista realiza uma educação do ego ao
intervir ativamente - deve ser considerada como algo
que vem a se somar no conjunto das intervenções possíveis numa
análise. Dizer que a sugestão faz parte das intervenções não é
afirmar que ela é o objetivo da análise, mas sim que sua aplicabilidade é
validada uma vez que a própria transferência, desde Freud, comporta a dimensão
sugestiva.
No caso das fobias, como já acompanhamos o
próprio Freud, trata-se de levar o sujeito através de injunções, a se expor ao
afeto que lhe causa angústia. A expectativa é que, desse
enfrentamento, surgissem novas associações capazes de fazer com que o sujeito
criasse condições para abandonar sua posição fóbica. O dizer do
analista “abandone seu pavor e enfrente a dificuldade!” é um dizer
possibilitado pela transferência e garantido pela sugestão. Uma
sugestão que espera não o fim das questões, mas o início de uma possível
elaboração. É preciso que se considere aqui, que o paciente, ao ser
incitado a abandonar seu refúgio, se vê ele próprio num lugar bastante
ativo. O analista passa a ser um delegador de tarefas que acabarão
por sugerir ao analisando que algo de melhor pode ocorrer se ele enfrentar de
fato o objeto fóbico: “Daí em diante, foi esse o procedimento que resolvi
designar pelo termo de técnica ativa, que, por conseguinte, significava uma
intervenção ativa muito menos por parte do médico do que por parte do paciente,
ao qual era agora imposta, além da observância da regra fundamental, uma tarefa
particular. No caso das fobias, essa tarefa consistia em realizar
certas ações desagradáveis.”
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