quarta-feira, 11 de maio de 2016

GOZA-SE COMO É POSSÍVEL:



6 Idéias psicanalíticas sobre sexualidade

• A crença de que homem e mulher se completam, que foram feitos um para o outro e que constituem a verdadeira forma natural de amor mostra-se uma frágil e insustentável compreensão sobre a sexualidade humana. 

• O Inconsciente não descrimina os gêneros sexuais. Não é porque alguém é do gênero masculino, portador de um pênis, que deverá desejar uma mulher ou sentir-se identificado ao lugar do macho. Em princípio, a certeza que advém da genitália é que ela é potencial fonte de prazer. Ou seja, o corpo é prazeroso!

• As denominações de heterossexualidade, homossexualidade ou bissexualidade são formações aprisionantes do que seja a sexualidade. Uma pessoa, a rigor, é capaz de desejar de diferentes formas, diferentes objetos em diferentes momentos com diferentes intensidades. O que decide sobre isso, para a Psicanálise, é a forma como o recalque marca cada singularidade. Portanto, homens e mulheres são sexuais.

• O fetichismo é a prova de que homem e mulher são capazes de atrelar seus desejos aos mais variáveis objetos. Por exemplo, um homem pode amar na mulher o contorno de seus pés mais do que sua feminilidade ou “personalidade”. Ou, uma mulher pode amar em um homem sua forma maternal de agir de maneira tal que se casou com o duplo de uma “mãe”.

• O desejo, no sentido psicanalítico, é impossível de ser ver realizado em sua totalidade. Por mais que se atinjam objetivos, realizem-se fantasias ou concretizem-se atos, haverá sempre uma sobra que retornará como desejo insatisfeito. Deseja-se sempre mais. O desejo é desejo de desejo (Lacan).

• Gozar, no sentido psicanalítico, significa estabelecer uma forma muito particular de se fixar a um tipo de obtenção de satisfação de maneira tal que ela se repita à revelia da compreensão, vontade ou escolha consciente da pessoa. Uma posição de gozo pode implicar prazer e/ou desprazer. O fato é que o ser humano é prisioneiro de seu gozo e isto acaba por determinar sua forma de agir e estar no mundo. Dela ele pode acabar refém. Um cônjuge, por exemplo, que vive a reclamar de seu parceiro e assumidamente leva uma vida de privações e frustrações goza exatamente em viver reclamando, em fantasiar com a “liberdade” ou mesmo vinganças. Goza, desfruta, usufrui, de uma dimensão que soa estranha por sinalizar infelicidade. Mas... esse é um dos paradoxos da sexualidade humana.
Deseja-se o inatingível e goza-se como é possível.


Por Carlos Mario Alvarez, Psicanalista.

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